Com uma cultura popular rica e diversa marcada pela influência dos povos originários, africanos e europeus, a região Nordeste é uma das mais aguardadas pelo público do Festival do Folclore de Olímpia (FEFOL). Nesta 61ª edição, a participação tem um significado especial: vem de lá o estado homenageado, o Maranhão. A magia fica garantida com a participação de um total de 11 grupos de sete estados, sendo que cinco deles pisam pela primeira vez no palco do Recinto do Folclore “Professor José Sant’anna”.
Maranhão
Começando pelo homenageado, o Maranhão chega ao FEFOL com três grupos, que irão demonstrar a diversidade da maior expressão cultural desse estado, o Bumba Meu Boi. Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, a manifestação que gira em torno da morte e ressurreição de um boi mistura teatro, música, dança e religiosidade popular, com suas múltiplas formas de apresentação, chamadas de “sotaques” – como matraca, orquestra, zabumba, pindaré e costa de mão. A representação da lenda que envolve o milagre da ressurreição do catolicismo possui elementos indígenas e africanos e a tradição é celebrada principalmente no mês de junho, com apogeu no São João.
O grupo maranhense que faz sua estreia no festival é o Bumba Boi de Matraca do Maiobão, de Paço do Lumiar, com seu sotaque marcado pela cadência das matracas. Fundado em 2003, nasceu com a finalidade de representar o bairro do Maiobão no desenvolvimento de atividades sociais e folclóricas, além de apresentar e desenvolver a cultura do estado. Hoje transformado em Associação Folclórica e Cultural de Bumba Boi de Matraca do Maiobão, cresce a cada ano, chegando a se apresentar com aproximadamente 300 integrantes.
Outro representante do homenageado é o Boi de Nina Rodrigues, fundado e comandado por uma mulher, Concita Braga, no município de Nina Rodrigues, intimamente ligado à história do Maranhão, onde, em 13 de dezembro de 1838, teve origem um dos maiores movimentos revolucionários à época, a Guerra da Balaiada, presente em inúmeras de suas manifestações culturais e artísticas. A partir das pesquisas de Concita Braga iniciadas em 1989, o Bumba-Meu-Boi foi caracterizado como a mais tênue expressão artístico-cultural da comunidade, o que deu origem ao grupo. Com coreografias harmônicas e ritmadas, é pioneiro na introdução de novos instrumentos não utilizados até então em Bumba Boi de Orquestra, sem perder suas raízes.
Fechando a participação do Maranhão está o Boi de Morros, com uma história longeva e inspiradora, iniciada em 1976, sendo o boi pioneiro em colocar mulheres no cordão de fita. Nascido como uma ação pedagógica dentro da Escola Normal de Morros a fim de resgatar a tradição do folguedo na região, sua trajetória está relacionada a de três fases: concepção pedagógica, concepção popular e concepção massiva. A primeira fase é de 1979 a 1997. Na segunda fase (1980-1981), sua organização é assumida pelo entusiasta José Hugo Lobato, que aos poucos envolve a esposa, Maria Izabel, para aderir à coordenação. Ali, o boi se aventura por um contexto local, de Morros e imediações, com fortes características de uma brincadeira e expressão populares. A terceira fase (1983 até os dias atuais) pode ser caracterizada como um boi familiar, uma vez que foi assumido pela família Muniz Lobato.
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